29 junho, 2008

O Amor, Quando Se Revela...

O amor, quando se revela...
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
...
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
...
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
...
Fernando Pessoa

26 junho, 2008

Irish Wildflower Mix (III)



Olha, olha como elas estão crescidinhas!!! Ao vivo são muito mais bonitas e viçosas...

23 junho, 2008

Chamo-Te

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que não quero ver.

Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.



Sophia de Mello Breyner Andresen
 






17 junho, 2008

Ele há cada nome


Há nomes que nem inventados. Mas são verdadeiros. Eu garanto, porque os colecciono e cato, um a um, pelas listas telefónicas do país.
A família Barriga, por exemplo, tão velha como Portugal. Já no tempo do nosso primeiro rei, o bravo D. Afonso Henriques, vivia, na província da Beira, um Martim de Barriga.
Que ninguém se admire.
Se há tantos Costas, porque é que não há-de haver alguns Barrigas?
A família cresceu, espalhou-se e chegou aos nossos dias. Conheci, há tempos, uma senhora, descendente do remoto beirão Martim de Barriga. Chama-se Maria das Dores, mais precisamente Maria das Dores de Barriga, o que talvez lhe cause alguma indisposição.
E o caso do Dr. Pedro Branco que se casou com uma senhora de apelido Feijão e tiveram um filho Feijão Branco?
Mais ou menos semelhante, e também verdadeiro, foi o caso ou casamento que uniu D. Maria José Coelho com o Engenheiro Manuel da Silva Guisado. O filho do casal chama-se Abel Coelho Guisado e não se importa.
Nem tem nada com que importar-se, porque, verdade verdadinha, há nomes muito mais esquisitos.
Contou-me a minha avó que um casal já com muitos filhos foi brindado com mais uma criança, um perfeito rapazinho que havia de se chamar...
- André - disse o pai.
- João - disse a mãe.
- Fernando - disse um avô.
- Camilo - disse o outro avô.
- Manuel João - disse uma avó.
- João Manuel - disse a outra avó.
Não se entenderam.
Quando, na cerimónia do baptizado, foi preciso assentar o nome do bebé no livro dos registos, ainda a família não tinha chegado a uma decisão. Até que a mãe, para safar a encrenca, ditou ao sacristão, que estava de pena suspensa sobre o livro dos registos:
- Olhe, senhor sacristão, o nome do meu filho fica João, até ver.
E o obediente sacristão escreveu assim o nome do rapaz: "João Até Ver Martins".
Mas, para o resto da vida, ficou só conhecido pelo João Até Ver.
- Pouco importa - concluía a minha avó, que esta história me contou. - O que vale é que cada um seja conhecido pelo que de bom fizer.
Se for pelo que de mal fizer, então, sim, já terá razão para envergonhar-se do nome.
Grandes verdades ensinava a minha avó, de nome Olívia Torrado, que, todos concordarão, não é um nome assim muito vulgar...
António Torrado
escreveu

13 junho, 2008

Hoje é dia Santo

@ Alberto Valejo, Agosto 2005


Os cinco doces anos de Daniela Amarela... 

05 junho, 2008

De Lisboa com Amor ....


@ Paula Silva

Há amor amigo
Amor rebelde
Amor antigo
Amor de pele

Há amor tão longe
Amor distante
Amor de olhos
Amor de amante

Há amor de inverno
Amor de verão
Amor que rouba
Como um ladrão

Há amor passageiro
Amor não amado
Amor que aparece
Amor descartado

Há amor despido
Amor ausente
Amor de corpo
E sangue bem quente

Há amor adulto
Amor pensado
Amor sem insulto
Mas nunca tocado

Há amor secreto
De cheiro intenso
Amor tão próximo
Amor de incenso

Há amor que mata
Amor que mente
Amor que nada mas nada
Te faz contente me faz contente

Há amor tão fraco
Amor não assumido
Amor de quarto
Que faz sentido

Há amor eterno
Sem nunca talvez
Amor tão certo
Que acaba de vez

Sempre para sempre - Donna Maria

02 junho, 2008