17 julho, 2008

Hortência...

Flores de uma única flor...

15 julho, 2008

14 julho, 2008

Estrela da Tarde

Alvorge, 13 de Julho de 2008

Era a tarde mais longa de todas as tardes
que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas,
tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos
no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos
ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste
o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite,
para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites
que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas
e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos
cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite
uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite
nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite
amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem,
vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura,
se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste
despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem
se quer tanto!

Ary dos Santos

08 julho, 2008

repouso & movimento



Já ando em contagem decrescente...

06 julho, 2008

Terra



"Já me deixou
Foi-se logo embora
A saudade a quem chamei maldita
Já nos meus olhos não chora
Já nos meus sonhos não grita
Já me deixou
Foi-se logo embora
Minha tristeza chegou ao fim
Já me deixou mesmo agora
Saíu pela porta fora
Ao ver-te voltar p'ra mim"

Já Me Deixou
Mariza (Artur Ribeiro / Max)

03 julho, 2008


Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!


Alexandre O'Neill

02 julho, 2008

Rio de Mouros...


Sertão das Águas


Vem e me abraça me leva
pra beira do igarapé,
mapas escorrem das mãos
que vão me fazer cafuné.
A vida começa agora,
ilhas de mel, são rios de mel,
remansos e correnteza.

Sertão das Águas,
o amor quando quer é bater e valer,
inunda os dias de sol,
pode chover se quiser.

Lá no sertão, quando vem a noite chover estrelas,
pingos de luz, são gotas de luz,
teus olhos na corredeira,
sertão veredas do Grão-Pará.

Sertão canoa das populações ribeirinhas
que vivem dos frutos da mata
e que não podem a floresta ver destruída.
Não venha o fogo queimar,
nem trator correr, arrastar
pra que a vida queira pulsar e correr.

Rede que embala o amor
e lambuza de tamba-tajá,
lábios com fino licor,
sede de se lambuzar.
O meu pensamento voa,
chega primeiro a minha voz,
cai nos meus braços,
aperta os laços, desfaz os nós.

O grito dessas pessoas
no fundo dos seringais,
devia ser escutado
em Beléns e Manais.

Corre nas veias remar e seguir a viagem,
viver só carece coragem;
esperança que a paz
reine na floresta.
Não venha o fogo queimar,
nem trator correr, arrastar,
pra que a vida queria pulsar e correr.

Sertão das Águas,
o amor quando quer é bater e valer,
inunda os dias de sol
e pode chover se quiser.
O meu pensamento vai,
chega primeiro a minha voz,
cai nos meus braços,
aperta os laços, desfaz os nós.

O grito dessas pessoas
dos fundos dos seringais,
precisa ser escutado
em Beléns e Manais.

Milton Nascimento