02 julho, 2008

Rio de Mouros...


Sertão das Águas


Vem e me abraça me leva
pra beira do igarapé,
mapas escorrem das mãos
que vão me fazer cafuné.
A vida começa agora,
ilhas de mel, são rios de mel,
remansos e correnteza.

Sertão das Águas,
o amor quando quer é bater e valer,
inunda os dias de sol,
pode chover se quiser.

Lá no sertão, quando vem a noite chover estrelas,
pingos de luz, são gotas de luz,
teus olhos na corredeira,
sertão veredas do Grão-Pará.

Sertão canoa das populações ribeirinhas
que vivem dos frutos da mata
e que não podem a floresta ver destruída.
Não venha o fogo queimar,
nem trator correr, arrastar
pra que a vida queira pulsar e correr.

Rede que embala o amor
e lambuza de tamba-tajá,
lábios com fino licor,
sede de se lambuzar.
O meu pensamento voa,
chega primeiro a minha voz,
cai nos meus braços,
aperta os laços, desfaz os nós.

O grito dessas pessoas
no fundo dos seringais,
devia ser escutado
em Beléns e Manais.

Corre nas veias remar e seguir a viagem,
viver só carece coragem;
esperança que a paz
reine na floresta.
Não venha o fogo queimar,
nem trator correr, arrastar,
pra que a vida queria pulsar e correr.

Sertão das Águas,
o amor quando quer é bater e valer,
inunda os dias de sol
e pode chover se quiser.
O meu pensamento vai,
chega primeiro a minha voz,
cai nos meus braços,
aperta os laços, desfaz os nós.

O grito dessas pessoas
dos fundos dos seringais,
precisa ser escutado
em Beléns e Manais.

Milton Nascimento

3 comentários:

Anónimo disse...

Déjame sueltas las manos

Déjame sueltas las manos
y el corazón, déjame libre!
Deja que mis dedos corran
por los caminos de tu cuerpo.
La pasión —sangre, fuego, besos—
me incendia a llamaradas trémulas.
Ay, tú no sabes lo que es esto!

Es la tempestad de mis sentidos
doblegando la selva sensible de mis nervios.
Es la carne que grita con sus ardientes lenguas!
Es el incendio!
Y estás aquí, mujer, como un madero intacto
ahora que vuela toda mi vida hecha cenizas
hacia tu cuerpo lleno, como la noche, de astros!

Déjame libre las manos
y el corazón, déjame libre!
Yo sólo te deseo, yo sólo te deseo!
No es amor, es deseo que se agosta y se extingue,
es precipitación de furias,
acercamiento de lo imposible,
pero estás tú,
estás para dármelo todo,
y a darme lo que tienes a la tierra viniste—
como yo para contenerte,
y desearte,
y recibirte!

Autor: Pablo Neruda

dejalo que va lejos disse...

Gosto muito de Pablo Neruda... Um belo e apaixonante poema.

Obrigada e beijos :)))

MCG disse...

Ai que vontade de mergulhar nas águas desse sertão...
bjo