Às vezes acontece, quando há tempo, às sextas-feiras subo
as escadas até ao terceiro andar da casa da minha mãe, porta adentro, passo o wall e atravesso o corredor e o meu quarto...
Ao entrar, muitas memórias, tantas vivências, saudades, bons e maus momentos que vivi... Estas paredes que me viram crescer dentro da barriga da minha mãe, quase 18 anos de partilha com a minha irmã, e ao todo 35 anos que convivi com estas paredes. Agora, entro e além das memórias e as saudades, uma certa nostalgia, uma necessidade de me sentar, agora na cama antiga do meu irmão (porque a minha cama de solteira, essa encontra-se no quarto da V.), e ficar em silêncio a olhar para as minhas coisas, livros, fotografias, os bonecos, pequenos objectos de decoração, a minha secretária, a aparelhagem que tocava horas a fio, as minhas caixas onde guardo a minha infância, a minha juventude e parte da minha fase adulta. As paredes brancas, pintadas por mim, já se encontram meias negras, o soalho de madeira um pouco gasto, a janela virada para um quintal, o cheiro do meu primeiro quarto, tudo está lá como deixei... Saio de lá, sempre bem disposta, faz-me bem sentir este espaço, um sinal que fui muito feliz entre estas quatro paredes.
Aos poucos vou levando alguns objectos, desta vez trouxe os meus cd's.